segunda-feira, março 07, 2011

O Pai do Filho pródigo

.

João Cruzué

Quando o filho mais moço exigiu sua parte na herança, o pai não disse uma palavra; fez suas contas e repartiu a fazenda para os dois herdeiros. Quando o moço vendeu sua parte, pegou o dinheiro e foi-se embora, o pai presenciou tudo, e também não disse uma palavra. E não disse nada, porque nada do que dissesse iria convencê-lo. É o que pode estar acontecendo hoje quando você acha que Deus está em silêncio.

O filho caçula da párabola foi-se embora; desperdiçou tudo e tentou manter a independência e a distância em um emprego vil, guardador de porcos, depois que o dinheiro também se foi. Isso também é muito comum. Deus tem sido uma das últimas portas que os filhos do pós-modernismo procuram, quando encontram o fundo do posto.

Quando a fome apertou e o moço sentiu na pele que um porco podia se alimentar enquanto ele morria de fome, a "ficha" caiu. Ele racionalizou e tomou uma atitude: voltar! Mesmo que para isso tivesse que se humilhar e aceitar uma posição de serviçal na casa de seu Pai. Iria trabalhar apenas pelo pão, para continuar vivo.

E por causa da fome ele voltou.

O Pai não se esquecera dele. Nem um dia. E foi assim que o pai o avistara, ainda longe, voltando pelo mesmo caminho da ida.

Viu e não se escondeu. Não voltou para casa irado, nem endureceu o semblante. Em vez disso, seu coração se moveu de íntima compaixão, e saiu correndo ao encontro do filho. Também não disse uma palavra.

Abraçou e beijou-o.

Não sei se chegou a ouvir as frases ensaiadas do moço. O seu regresso e um rosto humilde já diziam tudo. E não mais se contendo de tanta alegria, o pai falou aos empregados:


Trazei-lhe a melhor roupa;

Vesti-lho, e ponde-lhe um anel na mão,

E alparcas nos pés,

Trazei o bezerro cevado, matai-o

e comamos e alegremo-nos,

Porque este meu filho estava morto, e reviveu

Tinha-se perdido, e foi achado.


Aquele pai não disse uma palavra de perdão, pois sua atitude já demonstrava não apenas perdão, mas a devolução do status filial. E foi além, deu uma grande festa. E também revelou que tinha feito planos antigos para o bezerro cevado.

E o filho pródigo arrependido não estava esperando por um perdão incondicional, nem pela reconquista da condição de filho. E jamais passou pela sua cabeça ser recebido com festa. Ele deve ter beliscado o próprio braço para ter certeza de que não era um sonho.

Quando Jesus disse esta parábola, o desmiolado filho caçula representava os pecadores: as prostitutas, os leprosos, os publicanos, os samaritanos, os desprezados pela sociedade, os quebrantados de coração, os bêbados, os desgarrados e distanciados de Deus.

E o filho mais velho que se aborreceu com a volta do irmão caçula representava os religiosos legalistas dos dias de Cristo. Fariseus, saduceus, levitas, escribas e sacerdotes. A elite religiosa que torcia o nariz pela forma "esquisita" com que Cristo se relacionava com a "gentalha". A mesma atitude mesquinha que provavelmente está acontecendo neste século XXI, em que Deus está interessado na salvação dos perdidos, já tem preparado o "cevado" para dar uma grande festa, mas seu "filho mais velho", os frequentadores assíduos das Igrejas de hoje, já não estão mais interessados em olhar o caminho para ver se os pródigos estão voltando.

Jesus deixou implícito na parábola que o Pai do pródigo, é Deus, nosso Pai Celestial. Um Pai amoroso, perdoador, festejador, que corre para abraçar aqueles que se levantam do pecado e pegam o caminho do arrependimento para chegar mais perto de Deus.

Um Deus com atitudes muito diferentes de pastores, bispos e padres estão tomando em nossos dias. Um Deus que tem propósitos especiais para cada pessoa - ou farrapo de pessoa. Ele ama cada pecador e está disposto a perdoar e depois revelar em cada coração qual seu propósito de cada um.

Para recuperar o tempo perdido e sair do poço de uma vida miserável, não importa a dificuldade da situação. Quem sabe uma situação análoga a do filho pródigo, em que um porco tinha alimentos e ele não. A imagem que Jesus apresentou do Pai do filho pródigo é real. É a imagem de um Deus que se preocupa com o destino dos caídos. Que procura saber todo dia se você está voltando ou se no seu coração, você pensa em voltar-se para Deus, pelo menos um segundo por dia.

Deus está em silêncio, não é porque o/a não ama. Mas porque você se mantém longe e ainda não pensou em voltar para Ele. Quem sabe deseja continuar independente, vivendo infeliz sobua justificativa de uma falsa liberdade, crendo em sofismas, em filosofias vazias. Pode ser que jamais pensou em ler uma Bíblia - a palavra de Deus. Quem sabe se Uma foto do quadro da sua vida nesse instante pudesse lhe mostrar que não há nenhum futuro para você sem a mão amiga de Deus.

Jesus é o filho do Deus vivo. Basta apenas um pensamento em seu coração. Um simples pensamento: "Deus, se Tu existes mesmo, mostra um pouco da tua misericórdia para mim, e perdoa-me, pois minha situação é esta, esta e esta...
Eu sempre pensei assim, assim e assim...E agora eu preciso muito de ajuda. Da Tua ajuda, pois eu cheguei além do que se conhece por fundo do poço.

O Deus que eu sirvo, que não é propriedade de bispos nem de pastores e padres corruptos. Ele não é marca registrada de suas igrejas. Ele não aprova a hipocrisia nem a ganância que campeia no meio religioso. Ele é pai e vai ouvir sua oração. Ele Vai lhe abrir uma porta para que saia desta vida miserável. Ele decidiu amar você.

Um abraço de perdão. Um beijo de aceitação. Uma roupa de justificação. Um anel de filiação. As sandálias para proteger os pés e uma grande festa de comemoração para a sua volta. Você pode estar morto, perdido, derrotado mas se voltar para Deus vai receber vida, vai encontrar o caminho da paz e da felicidade, voltará a conhecer o saber das vitórias e o barulho da alegria.

Ô Glória!

SP- 07.03.2011

Nota: Tudo o que disse no texto não é história da carochinha, nem conversa fiada baseada em teorias ou ouvir dizer. Eu conheço bem o gosto das privações e silêncio de Deus, durante 11 anos de um longo desemprego. Eu creio em cada palavra do que disse, e sei que por experiência própria que Jesus, o filho de Deus é o socorro bem presente no dia da angústia.



cruzue@gmail.com




.