domingo, novembro 30, 2008

Diálogo, tolerância e mal-entendidos


Jesus restabelecendo o diálogo com Pedro
--Pedro, tu me amas?


A confissao de Pedro
--Senhor, Tu sabes tudo; Tu sabes que eu te amo.

João Cruzué

Quero aproveitar este princípio de tarde neste domingo ensolarado, aqui na Capital paulista, para voltar a escrever, desta vez sobre diálogo. Como sempre costumo fazer, vou usar textos da Bíblia Sagrada para comentar e meditar sobre algumas coisas. Espero que isto contribua para melhorar tanto a minha quanto a sua capacidade de dialogar.

No capítulo 59 do Livro do Profeta Isaías está escrito que: "A mão do Senhor não está encolhida, para que possa salvar; nem o seu ouvido entupido, para que possa ouvir. Mas são as nossas iniqüidades que fazem divisão entre nós e o nosso Deus, e os nossos pecados que encobrem o rosto de Deus de nós, para que não nos ouça".

Apesar de termos uma boca e dois ouvidos, somos propensos e mal habituados a falar demais e ouvir pouco. Diante de uma situação dessa natureza, ao querer impor nossa vontade sem ouvir o que o próximo tem a dizer, matamos o diálogo e geramos a intolerância. Não há nenhum demérito em primeiro ouvir, e depois responder. Ouvir o que o nosso interlocutor tem a dizer não significa de forma alguma sinais de fraqueza ou aquiescência. Ao contrário: mostra equilíbrio e sabedoria. Deus não precisar ouvir ninguém para decidir sobre o que quiser, mas nem Ele, que é: onisciente, onipresente e todo-poderoso, usa de seus atributos divinos para exercer uma ditadura ou para impor na "marra" sua vontade sobre a nossa. "Não por força; nem por violência, mas pelo meu Espírito", assim diz o Senhor, segundo registrou o profeta Zacarias.

Quantas decisões erradas são feitas, quantos lares, quanta comunhão, quantas amizades podem ser destruídos pela falta do exercício do diálogo e da tolerância? Somos especialistas em entrar em situações constrangedoras ao acreditar em juízos nascidos de mal-entendidos. Não estou escrevendo sobre isto como se fosse Phd. em aconselhamento comportamental. Eu sei quem sou: o primeiro da fila dos necessitados para ouvir o que a Palavra de Deus tem a dizer. Não estou escrevendo fora de mim, pois este é um texto simples e tenho uma mente racional.

Um dos primeiros exemplos de queda por mal-entendidos e falta de diálogo foi Eva. Aprendo que não se deve dialogar nem com o diabo nem com ímpios, quando o assunto tem a ver com aconselhamento pessoal. Quando a serpente afirmou que Deus estava mentindo quando ordenou que não comessem do fruto da árvore da ciência do bem e do mal estava insinuando que Deus não queria competidores; que a árvore traria todo o conhecimento e que eles também se tornariam como Deus. Entre o aviso do SENHOR e o conselho do diabo nasceu uma desconfiança. Da desconfiança, veio o mal-entendido. Como não houve o início de um diálogo entre Eva e Deus, questionando o conselho do diabo, o resultado foi o maior desastre que já se abateu sobre a humanidade - a morte pela força do pecado.

Moral da história: não devemos embarcar numa canoa aparentemente em bom estado, ouvindo apenas os argumentos do "vendedor". Precisamos, principalmente, ouvir a opinião do "especialista" em construção de barcos, para não embarcar em uma canoa furada.

Escolhi o segundo caso de falta de diálogo, entre Ló e Abraão, cujas conseqüências levaram trouxeram a ruína à vida do primeiro. Em certo momento da vida dos dois, começaram as contendas entre os empregados; disputas pelos melhores pastos para o gado. Os pastores de Abraão e de Ló começaram a discutir e brigar por causa de capim. O tio abriu o diálogo. para acabar com a cizânia. Concedeu ao sobrinho a opção de escolher, primeiro. O sobrinho, usando de esperteza, não deu seqüência ao diálogo, mesmo sabendo que a preferência da primeira escolha era do tio Abraão. Ló Escolheu as campinas do Jordão, que eram as melhores pastagens, tão verdinhas que pareciam o Jardim do Edem. Este foi um erro fatal.

Abraão, sentiu-seno prejuízo. Deus vendo a situação, apareceu-lhe para responder às aflições. Enquanto isso na campinha verdinha, o sobrinho começou sua aproximação com os moradores da região. Foi armar suas tendas próximo de Sodoma. Depois passou a morar na própria Sodoma. Levou sua família a fazer parte da sociedade local. Trouxe com isso o costume desta sociedade para dentro de sua casa. A ganância de Ló terminou em miséria. Sem gado e sem família, sua ingratidão foi tão grande que não encontrou forças para voltar para a companhia do Tio, para lhe pedir perdão.

Moral da história: não corra atrás de sonhos de prosperidade com os olhos fechados. Inicie um diálogo com Deus e pergunte a ele sobre o que pode estar escondido nas "campinas do Jordão", agradáveis à vista, mas escondido bem lá no fundo, pode estar um laço do diabo para você e sua família.

Agora em sua companhia vamos meditar sobre diálogo, exercício de tolerância e mal-entendidos na vida do Rei Davi, o home que tinha um coração segundo Deus. Davi é o exemplo típico do homem que tinha um grande diálogo e uma profunda comunhão com Deus. O Espírito de Deus, literalmente, se apoderou da vida de Davi. Todavia, foi o homem que menos diálogo teve com a família, e seu modo de agir representa nos dias de hoje a quase totalidade dos homens que exercem liderança cristã. Não preciso discorrer muito sobre isto. Davi tinha tempo para Deus, para liderar o reino, para sair com o exército, mas deixava os filhos crescendo ao deus-dará. O diabo, astuto, não perdoou isso. No primeiro dia que ficou ocioso em casa, deixando de ir para a guerra com Joabe, poderia ter convidado seus filhos para uma confraternização. Não fez assim. Acordou depois do meio dia, em meio à tarde, e sozinho foi para o terraço do palácio. O resto ficou por conta do diabo. Davi conquistou um trono. Foi o maior rei que Israel já teve. Mas se tornou um pai com um coração transpassado pela dor, porque nunca foi um bom pai de família. É isto que está acontecendo em nossos dias. Grandes pais. Grandes pastores. Grandes líderes. Grandes conquistadores. Mas ao negligenciar o amor devido à família e principalmente aos filhos, estão colhendo uma grande safra de caíns, esaús, absalões, nadabes, acãs, manassés, balaãos e judas.

Moral da história: O que adianta ganhar o mundo inteiro e perder a própria família para o diabo?

Ainda desejo rever a parábola do filho pródigo para continuar nossa meditação, juntos. A história do filho pródigo é um exemplo típico do moço ou da moça cristã que trocou a comunhão com a família por um diálogo como pecadores aparentemente "mui" amigos. Tão logo colocou na a herança do pai na bolsa, o filho caçula foi se encontrar com seus falsos amigos. Aqueles que lhe venderam sonhos de uma terra de liberdade onde todas as coisas eram permitidas. Beber, dançar, se drogar e prostituir. Uma terra onde era proibido proibir.

Diz o apóstolo Paulo: todas as coisas me são lícitas, mas nem todas me convêm. O pai do filho pródigo tinha algo a dizer, mas percebeu que não seria ouvido, e a contragosto fez as contas e entregou a parte da herança, ainda em vida. Liberdade não é sinônimo de licença para pecar. A verdadeira liberdade é ter a Cristo e não ser escravo de vícios e pecados. A liberdade para pecar e fazer o que quiser não é verdadeira, ela esconde correntes e cadeados, cujas chaves estão nas mãos do diabo. Uma vez aberta a porta para os demônios, para os vícios, para as drogas, para a prostituição, para a pornografia, e para coisas piores a pessoa se descobre presa em um beco sem saída. O filho pródigo chegou a seguinte conclusão: ou morria de fome no meio de uma vida mais do que miserável ou voltava para casa, reabria o diálogo com seu pai, e lhe pedia perdão com sincero arrependimento.

Moral da história: Se esta é a sua situação, tome o mesmo caminho de volta e se concerte com as pessoas que magoou, para receber o perdão de Deus. Não existe liberdade na miséria, mas somente em Jesus Cristo.

E por fim vamos a um exemplo positivo: o do próprio Cristo. Era Deus, mas como homem não usurpou ser como Deus. Não precisava orar, mas amava de estar em comunhão com o Pai. Não precisava convidar homens para restaurar outros homens, mas escolheu doze leigos para o discipulado e os ensinou a ser pescadores de homens. Não precisava nascer em forma humana, para reconciliar a humanidade, mas por compaixão experimentou todos os sentimentos, angústias, solidão e sofreu os preconceitos e mal-entendidos da sociedade. Poderia ter nascido de uma família abastada para ter um berço ao nascer, mas acabou usando uma mangedoura. Jesus se tornou o mais humano dos homens. A cana quebrada não trilhou, e o morrão que fumegava não apagou. Era um especialista em abrir diálogos. Com nicodemos, com a mulher samaritana, com Zaqueu, com a mulher siro-fenícia, com Jairo, com a mulher do fluxo, com o mancebo de qualidade, coms os discípulos de Emaús, e com Simão Pedro.

E quando viu Pedro em amargura e fracasso, fez o que raramente temos visto nos dias de hoje: foi em busca da ovelha perdida. Estendeu-lhe a mão e transformou um discípulo fracassado e amargurado em um apóstolo cheio da graça e do poder de Deus. Jesus restaurou a Pedro pelo diálogo, pela tolerância com as fraquezas humanas.

Se o próprio Deus, em seu maior gesto de amor, enviou seu único filho para estabelecer o diálogopara restaurar os homens e desfazer os mal-entendidos e as outras obras do diabo, você e eu como cristãos não podemos ser intolerantes nem fechados ao diálogo. No exercício do diálogo vêm o entedimento a solução de mal-entendidos, a solução de dúvidas, e por consequinte a comunhão. Um versículo do apóstolo João: Se alguém disser que ama a Deus mas aborrece a seu irmão é mentiroso. Pois, quem não ama a seu irmão, ao qual vê, como pode dizer que ama a Deus, a quem não viu?

Conclusão: por falta de diálogo, às vezes, um pequeno mal-entendido pode se transformar em um grande problema, uma brecha no muro da graça de Deus. E depois que o muro se fender, o diabo vai entrar e sair quando quiser. É melhor pensar duas vezes abrir o diálogo e não deixar o muro cair.

Escrito em 30.11.2008

cruzue@gmail.com


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domingo, novembro 09, 2008

Mensagem do Salmo 32: A felicidade do perdão


E o castigo que estava sobre ELE, trouxe-nos a Paz.

Cristo

"Bem-aventurado é aquele

cuja transgressão é perdoada, e cujo pecado é coberto"
Salmo 32
João Cruzué

O Salmo 32 fala de confissão do pecado para receber perdão, e receber perdão para orar a Deus a tempo de poder achar o Seu favor. Esta vai ser a nossa meditação de domingo, e que o SENHOR possa falar conosco, pela voz do seu Espírito Santo.

De autoria de Davi, o segundo e mais poderoso rei sobre Israel, cujo reinado aconteceu por volta de 1.000 a.C. O rei músico que deixou escrito para a posteridade uma coleção de dezenas de Salmos com letras belas e inspiradas. Este Salmo, especificamente, trata de uma realidade espiritual muito clara: o pecado escondido.

Um pecado de morte escondido traz a morte espiritual para seu autor, pois é como um muro de separação entre o pecador e Deus. Um pecado escondido logo chama outro pecado e neste processo de pecado atrás de pecado a tristeza da separação de Deus só vai aumentando.

Quem sabe é um adultério, como foi o caso de Davi; um roubo, como foi o caso de Judas; constantes desobediências à voz clara de Deus, no caso do primeiro rei de Israel - Saul. Vou continuar citando: uso de drogas, prostituição de todos os tipos, falta de perdão principalmente entre parentes, ódio mortal de pessoas, uso de trabalhos de macumba para prejudicar pessoas e obter vantagens e lucros e crimes escondidos.

O salmista definiu claramente sua situação debaixo do pecado: uma sequidão de deserto. Enquanto ficou calado, os ossos do seu corpo envelheciam pelo bramido da consciência. O pecado de morte produz exatamente isto: a morte. É uma porta aberta para todos os tipos de doenças. O pecado envelhece e torna triste o semblante e apaga o brilho dos olhos. Diante de um espelho os olhos do pecador são tristes, pois sua alma está separada de Deus.

A receita da restauração está no versículo cinco: "Confessei-te o meu pecado, e minha maldade não encobri", e o resultado de uma confissão verdadeira é o perdão de Deus. E por confissão verdadeira, quero dizer, aquela que feita de forma correta e cujos efeitos produzem alívio e traz a felicidade dos perdoados. E quanto a isto, vamos falar um pouco mais.

Há confissões perfeitas e confissões mal feitas. Dependendo do tipo do pecado, há uma forma de confissão. Quando o baixinho Zaqueu recebeu a visita de Jesus em sua casa, disse que se tinha defraudado alguém, restituiria a propina ou o imposto cobrado a maior quatro vezes mais. Isto traz a luz o seguinte: o perdão de certos pecados não é automático. Confessou tudo a Jesus e já recebeu o perdão de tudo. E onde fica o arrependimento?

Aquele que deve, precisa procurar o credor. Se não pode pagar, que busque um acordo. Aquele que matou, não deve ficar se escondendo. Deve buscar as autoridades para que o diabo não tome decisões na sua vida. Aquele ou aquela que traiu, não basta fazer uma confissão apenas para Deus, pois um dia o caso vai se tornar público. Resumindo: se o motor do carro está com problemas não adianta consertar o furo do pneu. Há pecados que apenas Deus conhece, e estes podem ser perdoados através de uma confissão secreta a Deus, mas há coisas que envolvem pessoas ou são públicas, que precisam de uma reunião com pastores e familiares na Igreja para serem tratados publicamente. Uma confissão mal feita não traz alívio de consciência. E enquanto existir a dúvida, o perdão não está claro ou não aconteceu.

Uma coisa deve ficar muito clara: se nossa consciência é o árbitro de nosso coração, não existem regras absolutas para receber perdão. Há pessoas, cuja consciência não fica em paz enquanto não se concertam com o ofendido ou ofensor. E também há pessoas cuja consciência não tem mais árbitro nenhum. Supondo que você foi alcançado pelo arrependimento, que é voz do Espírito Santo em sua alma, enquanto Ele afligir sua alma, siga Sua voz e procure um concerto que lhe traga novamente alegria interior. Mas seja equilibrado.

"Pelo que todo aquele que é Santo, orará a Ti a tempo de poder achar, até no transbordar das muitas águas estas a ele não chegarão." O texto deste versículo quer dizer exatamente isto: Deus não houve a oração de pecadores. Pessoas com pecado de morte escondido. Para orar e ser ouvido é preciso ser santo. Santo quer dizer: estar separado do pecado e amor ao mundo, para agradar a Deus. Para orar e ser ouvido é preciso estar em paz com Deus e com a consciência. Então, todo aquele que é santo, isto é, que está em comunhão com Deus, quando orar e contar para Deus no dia a dia, sua oração vai subir sem impedimentos até o Trono da Graça de Deus, e ao seu tempo, Deus vai responder. E diante de uma situação de perigo urgente, quando orar, Deus vai produzir livramento, segundo a vontade DELE.

Por isso, o pecado escondido impede uma oração de subir até o Trono da Graça. E diante de uma situação em que somente Deus pode resolvê-la, a ajuda não virá. Diante disso o salmista aconselhou com o próprio exemplo; enquanto ficou calado, escondendo o pecado, sua saúde foi piorando e sua consciência bramia a voz do Espírito Santo. Depois que ele tomou uma atitude de confessar sua transgressão, Deus ouviu sua oração, ele foi perdoado e a alegria voltou. Siga o mesmo exemplo enquanto é tempo, antes que o diabo termine o laço que pode destruir sua vida, sua família e a tirar a paz dos outros.

cruzue@gmail.com

SP-09.11.2008

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